por Luty Vasconcelos
A publicação de arte mais badalada do mundo, resolveu bater o recorde de suas invencionices, literalmente. Depois de lançar edições com impressões fotossensíveis, ou com páginas feitas para serem plantadas e florescerem, foi a vez de a “Visionaire” lançar a edição histórica que conquistou o selo do Guinness como a maior revista do mundo. “Sempre tive o sonho de entrar para o Livro dos Recordes”, contou Cecília Dean, a editora do título, em um bate-papo com o Colherada.
Resultado de uma parceria com a agência África Global, do publicitário Nizan Guanaes, a revista é a maior já produzida no mundo -- com 1,52 m de largura e 2,13 de comprimento -- e carrega um tema tão grande quanto: Larger Than Life (maior que a vida). “Eu já tinha essa ideia, mas nunca imaginei que teria o orçamento e o parceiro certo para realizá-la. Quando Nizan me disse que ia inaugurar duas sedes nos Estados Unidos, uma em Nova York e outra em São Francisco, e queria fazer alguma coisa com a 'Visionaire', eu resgatei o plano e apresentei a ele”, contou a editora, que passou a tarde de quarta-feira (9) no terraço bar Sky, no Hotel Unique, onde na mesma noite aconteceu o lançamento oficial da revista no Brasil.
Marina Abramovic em autorretrato para Visionaire 61
Na edição de número 61,24 artistas internacionais colaboraram com obras impressas nas 22 páginas de dois metros da edição que trazLady Gaga retratada por Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin na capa. Entre imagens da modelo Linda Evangelista, Naomi Campbell e fotos produzidas por Karl Lagerfeld e Mario Sorrenti, se destaca o autorretrato da artistaMarina Abramovic e a reprodução em tamanho natural de uma escultura de Mauricio Cattelan.
Sob um calor intenso, ao lado da piscina do hotel, Cecília falou sobre seu trabalho como editora da "Visionaire" e das dificuldades de realizar esse projeto tão audacioso.
Colherada Cultural: Como foi trabalhar com um formato tão especial?
Cecilia Dean: Terrível! (risos) Quando resolvemos executar essa ideia, não pensamos nas dificuldades que teríamos de enfrentar, como os tamanhos dos arquivos com as imagens – que acabaram quebrando nossos computadores – , a dificuldade de encontrar uma gráfica que pudesse imprimir no tamanho que nós queríamos ou mesmo como postaríamos a edição para os assinantes. Tudo foi muito difícil. Essa edição foi montada artesanalmente em um processo muito lento. Um amigo fez um making of da produção da revista e quando eu fui assistir me perguntava: “Onde eu estava com a cabeça! Achei que isso nunca mais fosse terminar!” Mas estou feliz com o resultado.
Lady gaga na capa da maior publicação do mundo
C.C.: Como acontece a concepção de uma "Visionaire"?
C.D.: Normalmente temos ideias e vamos guardando em uma “gaveta”. Quando aparece o parceiro certo, as apresentamos, como aconteceu com “Larger Than Life”. Claro que algumas são criadas de acordo com o momento ou parceiro. Daí partimos para a seleção de material, uma curadoria longa, feita com muito cuidado para que a revista tenha uma unidade. Por isso só editamos duas por ano.
C.C.: Qual é o maior desafio de editar uma dessas publicações?
C.D.: Cada uma delas têm suas dificuldades, mas sempre ouvimos muitos “não” ao longo de todos os processos. Sempre temos que lutar para conseguir realizar nossas ideias, porque temos certeza de que é possível fazer, mas não sabemos como. É sempre uma luta, mas o resultado é muito satisfatório.
C.C: Você sabe de alguém que tenha a coleção completa da "Visionaire"?
C.D.: Sim. Existem algumas pessoas. Aqui em São Paulo tem o Carlos Jereissati, que é um grande parceiro da revista e também um grande colecionador. Ele doou a coleção inteira para o Instituto Tomie Otake, a mesma que foi exibida a alguns anos na exposição “Visionaire para Todos os Sentidos”.
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